Velhas faces, velhas cores, principiando outras formas.
Nele não há fronteiras, classes sociais, nichos econômicos.
De história recente, o rock’n roll tem servido de trilha sonora ao caminhar da humanidade nos últimos cinquenta anos. Ele (...) se transforma, se recicla de forma a ser sempre atual, sempre pertinente, sempre incômodo. Sim, incômodo!
Essa é sua função. Pois é o dedo acusador que aponta e pressiona a ferida. É a bandeira sonora que sacode consciências na esperança de um mundo melhor.”
Abertura da apresentação da Arlequim Rock’n roll Band
Pois é amigos...
Triste notícia! O Pacceli não mais subirá nos palcos tão carentes do sertão. Agora, ainda mais! O coração do amigo Eugênio Paccelli Gurgel saiu do ritmo e fez um indevido breque, parando a melodia essencial à vida.
Conheci Paccelli quando ele chegou a Cajazeiras. Não sei bem se foi o Naldinho Braga ou o Gilberto Álvares (ou ambos) o responsável pela apresentação.
Acho que o conheci numa apresentação da “Banda Páginas Amarelas” que aconteceu ao lado de onde funcionou o bar “Sabor da Terra”, quando ele foi dar uma “canja”, tocando contrabaixo. Fui chamado à bateria. Tocamos Pink Floyd, Raul Seixas, Beatles, etc. A música era o amálgama. O rock era o tempero essencial. O que faltava em conhecimentos teóricos e virtuose nos instrumentos era compensado com dedicação e muita disposição.
Paccelli chegou na “terrinha” pra ser professor no CAMPUS V, da UFPB de então. Ensinou, com certeza. Aprendeu, de certo. Era um sujeito dotado de um papo agradabilíssimo. Capaz de discussões profundas, sobre temas variados, mas também era capaz de discorrer sobre amenidades, sempre com bom humor. Em Cajazeiras, além de professor e músico, na Gazeta do Alto Piranhas revelou-se cronista. Numa das últimas publicadas, por ocasião do dia da cidade, Paccelli externou toda a sua alegria, fruto da experiência de viver e conviver em Cajazeiras.
Confessou que aprendeu a amar Cajazeiras. Cajazeiras e sua gente. De tanto amar, casou com uma Cajazeirense (Samara) e teve uma filha (Maya Jordana).
Ao saber de seu precoce passamento, vitimado que foi por um enfarto fulminante, fiquei abalado, afinal, a ninguém agrada ver partir pessoas com as quais tivemos alguma convivência.
Me recomponho escrevendo estas palavras, com a intenção de dizer àqueles que não conheceram Eugênio Paccelli Gurgel, que eles perderam a oportunidade de conhecer um ser humano admirável. Complexo, porém decente.
Aos que o conheceram, fiquemos, pois, com as boas lembranças. A internet contém registros da grande figura que ele foi, seja como músico, seja como professor de reconhecido valor, escriba, enfim, como cidadão atuante na sociedade.
E foi na internet onde encontrei um vídeo (vejam no link acima), onde o amigo Paccelli deixou extravasar um pouco da sua personalidade, contextualizando, com a erudição que lhe era peculiar, o seu amor pela música, sem jamais descuidar dos aspectos sociais (leiam a transcrição acima).
Aos que crêem, um alento: por essas horas o Paccelli já está na companhia amorosa de sua mãe, D. Dione, ambos em bom lugar. Afinal, como disse Renato Russo: “É tão estranho, os bons morrem jovens... cedo demais!”
Eugênio Nóbrega é advogado cajazeirense radicado em João Pessoa.
2 comentários:
cajazeiras perdeu realmente uma voz que ecoava em defeza do rock que ainda hoje e descriminado mas pacceli deu uma grande contribuiçao para que esse tipo de preconceito tenha diminuido valeu pacceli agora so nos resta saudades
Fui aluno de Paccelli em 1998, quando lecionava no Colégio Diocesano Santa Luzia (Mossoró/RN). As aulas de História Antiga me marcaram profundamente. Assim, fui influenciado, pelas brilhantes apresentações em que se postava em sala de aula. Hoje, sou professor de História na rede municipal de ensino e devo muito ao amigo e professor Paccelli.
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