Dos dez postos de saúde visitados pela reportagem do Diário do Sertão e da Rádio Alto Piranhas em Cajazeiras, apenas um tem médico, os demais estão sem assistência médica e os pacientes têm que migrar para o Hospital Regional de Cajazeiras.
O fato vem acontecendo na Terra do Padre Rolim porque os médicos estão sem receber seus pagamentos desde setembro, a mesma coisa vem acontecendo com os servidores que trabalham na atenção básica, SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), dentre outros serviços.
O “Caos na Saúde” em Cajazeiras como vem sendo denominado pela população está caindo sobre o Hospital Regional de Cajazeiras (mantido pelo Estado) e pelo Hospital Universitário Júlio Bandeira, este último que também tem servidores e médicos pagos pela Prefeitura, mas que ainda não pararam suas atividades graças à intervenção da UFCG.
Demanda vai para o HRC
A diretora do Hospital Regional de Cajazeiras, Emmanuelle Cariri falou nesta quarta-feira (07) sobre o problema que se instalou na instituição devido ao caos que ocorre na saúde de Cajazeiras. Segundo ela, o número de atendimentos no HRC que normalmente fica na faixa de quatro mil, subiu para sete mil. Ela disse que devido ao aumento na demanda, é provável que o Hospital termine o ano com as contas no vermelho.
“O uso do raio-x triplicou porque o da Policlínica não funciona. O oxigênio do Samu também faltou, chegou dias de médico do Samu levar lista de medicamentos pra agente empresar”, disse ela, alegando que o gasto do hospital agora é de 180 reais a mais.
De acordo com Emmanuelle, o hospital está tentando dar conta da demanda, mas, o acúmulo de serviços fora do hospital está formando um caos na saúde pública. “O orçamento do HRC continua o mesmo, mas a demanda de atendimento só aumenta e o município não dá nenhum tipo de ajuda”, disse a diretora.
Emmanuelle revelou que o município de Cajazeiras só possui três médicos efetivos e que até esses estão tendo problemas com o pagamento. “Eles tem que receber para trabalhar, os outros médicos também não querem ficar no prejuízo por conta da prefeitura”, informou a gestora.
Estado não se responsabiliza
A Gerente da Nona Gerência de Saúde em Cajazeiras, Maura Sobreira também falou sobre a situação da saúde pública em Cajazeiras e disse que o Estado não pode se responsabilizar pelo que acontece, pois não é de competência dele.
Com relação a vigilância ambiental, Maura disse que é de responsabilidade do município e que o Estado dá apenas um suporte. Ela informou que os agentes de endemias estão com seus vencimentos atrasados e alguns foram demitidos, por isso, a população terá prejuízo na questão da prevenção de dengue e doença de chagas. “O Estado não pode assumir a responsabilidade da Secretaria de Saúde do município”, disse.
Maura disse ainda que, o Estado também não pode fornecer receita azul. De acordo com ela, o usuário só receberá medicação dentro do hospital regional, caso esteja em uma crise.
A gestora disse que os órgãos de controle externo como Ministério Público e Tribunal de Constas do estado já foram alertados com relação ao caos da saúde pública, assim como algumas irregularidades financeiras do município.
Efetiva
A médica do PSF de Cajazeiras, Elvira Lucena disse durante as visitas do Rádio Vivo da Alto Piranhas que continua atuando no Posto José Jurema, pois essa é sua função já que é concursada do município. Porém, a médica mostrou sua indignação com a administração municipal, dizendo que espera do poder público, responsabilidade até o final do mandato.
“Espero que os médicos sejam pagos para que a população não se prejudique e possa receber atendimento básico até o fim do ano”, disse Elvira.
O outro lado
Procurado pela reportagem do Diário do Sertão o Secretário de Saúde da prefeitura de Cajazeiras, Celso Nobrega não foi encontrado, por diversas vezes tentamos contato pelo telefone, mas não conseguimos localiza-lo.
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