Além da quebra da safra de grãos e de perda de rebanho, a seca que assola o semiárido nordestino e, em especial, o interior da Paraíba, vai afetar também uma das alternativas de renda de pequenos agricultores: a produção de mel. O faturamento dos apicultores do Estado deve fechar o ano com queda superior aos 80% na produção de mel, segundo informou a Cooperativa Regional dos Produtores Rurais (Coaprodes), sediada em Bananeiras. Cerca de dois mil profissionais vêm arcando com os prejuízos da escassa produção de mel na Paraíba.
Segundo a Pesquisa Municipal Agropecuária do IBGE, em 2011, a Paraíba produziu 303 toneladas de mel, 12,2% a mais do que o ano anterior (270 toneladas), o que gerou um montante de R$ 1,873 milhão. O volume do produto poderá cair para pouco mais de 60 toneladas este ano devido à estiagem que prejudicou a florada.
O Nordeste, por sua vez, apresentou uma variação maior (28,92%), saindo de 13,1 mil toneladas, em 2010, para 16,9 mil no ano seguinte (R$ 73,016 milhões), alta que deixou a Região na posição de maior produtora de mel do país ao ultrapassar o Sul, que fechou o ano passado com uma produção de 16,1 mil toneladas. Com a forte redução deste ano, a Região deverá perder a liderança do país.
O presidente da Coaprodes, Paulo Rech, explica que a redução significativa se deu principalmente pela diminuição do chamado período de florada no Estado, o que impediu que as abelhas produzissem mel suficiente. “Normalmente, o tempo do florescer das flores é de uns seis ou sete meses, mas neste ano foi de dois meses no máximo. Por isso, as abelhas, por falta de flores, não têm como colher néctar e produzir mel suficiente para seu consumo próprio e para a colheita dos apicultores”, resumiu.
A estimativa do presidente da Coaprodes, que calcula em 80% a redução do mel produzido na Paraíba, chega a ser superior do previsto pela Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) para a maioria dos estados do Nordeste, que é de 70% em média. Para ele, a região deve apresentar resultados semelhantes. “Pelo que conversei com colegas do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, a produção em toda a região deve ter uma redução de uns 80%. Acho até que o Nordeste deve perder o posto de maior produtor, podendo nem ficar com a segunda posição. Algumas cidades do Agreste onde antes podíamos colher em torno de 50 toneladas de mel no ano devem fechar 2012 com apenas duas ou três toneladas. Estamos tendo que comprar de fora para atender os pedidos”, justificou.
Segundo Paulo, um apicultor com 30 colmeias tem uma renda média de um salário mínimo por mês. “Além disso, com pouco mel, a tendência é de que as abelhas partam para outras regiões para não morrerem de fome. Isso é outra ameaça grande para quem vive disso”.
Entre as soluções encontradas para driblar a falta d'água no Estado está a chamada produção migratória. “Se trabalharmos partindo para regiões com chuva, esse problema deve ser amenizado. Estão fazendo muito isso na região de Catolé do Rocha. Houve lugares onde praticamente não choveu, no Curimataú, por exemplo, que é onde mais se produz, mas tem como encontrar áreas mais propícias”, disse.
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