5 de janeiro de 2013

Meu encontro com o repentista Ivanildo Vila Nova


MARCIANO MEDEIROS

Foi numa terça-feira, as sete e quarenta da manhã, que saí de Nova Cruz num ônibus da “Nordeste.” O meu roteiro era chegar a Gravatá, uma linda cidade pernambucana, onde reside o maior repentista do Brasil e que tem mais de cinquenta anos dedicados a profissão: Ivanildo Vila Nova.

Em poucos minutos entrei no território paraibano. A primeira cidade do deslumbrante roteiro foi Campo de Santana, após ter deixado para traz, a última localidade potiguar nesta região fronteiriça, que é nossa discreta Passa e Fica. De súbito comecei a pensar em todas as articulações feitas, para que eu finalmente pudesse conhecer este tão celebrado cantador.

As cidades foram chegando: Belém, Pirpirituba, Guarabira, Alagoa Grande e muitas outras. Entretanto, uma delas, falou profundamente a minha alma. Na entrada da mesma, o ônibus parecia um gigantesco besouro metálico, a se enroscar tenazmente na paisagem comovedora. Rochas milenares e a bela vegetação transformaram este lugar, num eloquente poema feito por Deus, para saudar a humanidade. Senti-me verdadeiramente num Chile tropical, ao contemplar a cidade paraibana de Areia. As ruas largas e os velhos casarões encheram meu espírito de poesia. Tive grandes emoções ao observar aquelas ruas silenciosas, onde certamente andaram os meninos Pedro Américo e José Américo de Almeida.

Prossegui e finalmente cheguei a Campina Grande, entrando em seguida num ônibus da empresa “Progresso,” com destino a Caruaru. A paisagem da Paraíba e a beleza dos cactos solitários apontando para céu azulado, formaram em minha retina, imagens verdadeiramente inapagáveis. Em Caruaru, finalmente fui informado, de que me encontrava a poucos quilômetros de Gravatá. Telefonei para o poeta e disse que chegaria por volta das dezessete e trinta.

Imediatamente Ivanildo saiu de casa dirigindo seu automóvel, para poder me encontrar na rodoviária. O objetivo de tudo era mostrar uma obra de cordel que redigi em homenagem, a este verdadeiro mestre da poesia popular. O título do mencionado folheto é: “Ivanildo Vila Nova, o Menestrel do Repente.” Depois ele parou perto duma padaria e fez algumas compras. Em seguida me levou a sua residência, onde vive com a esposa Rozilene num lindo chalé, que realça ainda mais a singeleza de Gravatá. Conversamos um pouco, jantamos, ele leu o texto do cordel e educadamente sugeriu quatro ou cinco modificações, para completar o sentido de alguns versos. No dia seguinte regressei a Nova Cruz, bastante pensativo e comovido, por ter feito esta inesquecível visita. A referida viagem me convenceu de que Ivanildo Vila Nova é um “mago” na arte do improviso em nossas cantorias nordestinas e que por tudo que produziu e ainda faz, nunca será esquecido pelo povo brasileiro.

POETA


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