Por Cleanto Gomes Pereira
Fundada com nome arbóreo, no epicentro do semi-árido paraibano, onde, nos tempos mais recuados de sua história situava-se a fazenda dos pais do Padre Rolim, Cajazeiras, dos confins do nosso oeste, inaugurou, em fins do século XVIII, o primeiro movimento letrista e cultural na Paraíba, ensinando à sua gente o gosto lúdico pelo conhecimento e pela formação humanística e até erudita.
Foi o Padre Rolim, um sábio à São Tomás de Aquino, Santo Agostinho ou José de Anchieta, provavelmente o mais culto paraibano de todos os tempos, movido por visionário ideal e, certamente, sacrossanta predestinação, que lançou a semente do pequeno povoado, dando-lhe nome e referencia, numa luta precursora pela educação de um povo, até então totalmente incivilizado. E isto só foi possível através do célebre colégio, que construiu literalmente a braços com pedras e fundações, na propriedade de sua família, ao derredor da qual se expandiu e cresceu a metrópole sertaneja.
Em busca da referencial escola acorriam, enfim, nordestinos de todos os rincões, ávidos pelo saber e educação, contribuindo, assim, para a formação de um inusitado e admirável pólo cultural naquele remoto e obscuro sertão do Brasil ainda imperial.
Sedimentada, assim, pelos fluxos do altruísmo cristão e pela égide de um educandário a cidade frutificou, como vegetal frondoso, inscrevendo seu nome, no santuário de nossa história, pela inteligência de filhos nativos e adotivos em cujas plagas foram beber a água pura do conhecimento e da ciência, a exemplo do Padre Cícero Romão, Cardeal Arcoverde, Desembargador Peregrino de Araújo, que governou a Paraíba no início do século passado, historiador Irineu Jófily, professor e Magistrado Joaquim Bilhar, o herói da guerra do Paraguai Tomás Duarte Rolim, o deputado provincial Joaquim Antonio do Couto Cartaxo, todos, discípulos do glorioso Padre Mestre.
Não foi, portanto, sem razão que o grande Alcides Carneiro, exalçando a vocação intelectual do paraibano, bradou numa de suas memoráveis orações, em tom decididamente proverbial, que Cajazeiras, indiscutivelmente, ensinara a Paraíba a ler. Um honroso e eterno epíteto, verdadeiramente digno da grandeza histórica daquela terra e do seu imortal fundador!
Cleanto Gomes Pereira é advogado
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