22 de dezembro de 2010

Pelas picadas de Triunfo

O município de Triunfo localiza-se no alto sertão da Paraíba, distante da Capital a cerca de 590 Km, tem uma população aproximada de 10.000 habitantes, sendo cerca de 65% residentes na zona rural. Sua economia baseia-se na agricultura e pecuária de subsistência e um comercio incipiente.

A comunidade, a exemplo do que caracteriza o homem nordestino, é dona de um grande patrimônio cultural legado pela própria história desse povo, possuidor de exuberante potencial natural que se presta ao turismo ecológico e de aventura, o município começa agora a vislumbrar grandes perspectivas de futuro, aliando esse potencial à vontade política da sua atual administração e a criatividade e perseverança do seu povo, finalmente começa a se construir as saídas para os problemas que enfrenta e que até então se imaginavam crônicos.

A fundação de Triunfo
Um fato religioso de grande importância ocorreu na história de Triunfo em 1864, quando houve uma epidemia de cólera em toda a região. Um beato, conhecido como Caboclo Manoel Bernardo temendo que a doença atingisse a localidade recorreu ao Menino Deus e fez uma promessa de que se o lugarejo fosse poupado daquela calamidade, ele ergueria uma pequena capela e celebraria a sua festa, anualmente, de 15 a 25 de dezembro, com um novenário, fogos e festejos.

Como tendo conseguido alcançar a graça, Caboclo Manoel saiu pelas redondeza pedindo esmolas e levantando fundos para a construção que foi imediatamente iniciada. Após construída a pequena capela logo surgiram em volta residências e prédios comerciais que hoje formam o centro de Triunfo.

A Igreja Matriz do Menino Deus passou por várias reformas e é hoje uma das mais belas do Sertão paraibano. A festa do Menino Deus é mantida tradicionalmente há mais de cem anos e atrai visitantes de toda a região que aqui vem para, juntamente com a população local pagar suas promessas, com vestimentas cor de rosa, assim como é vestida tradicionalmente a Imagem do Menino Deus, vinda de Roma, no inicio do século passado.

Dentre os rituais que caracterizam a festa do Padroeiro, há a apresentação durante as nove noites de novena, de músicos, que adentram a Igreja conduzindo a “Procissão do Ramo”.

A partir da década de 50, incorporou-se a esse ritual a participação da Banda Cabaçal. Trata-se de manifestação artística de caráter popular trazida por remanescente de um quilombo de Pombal, que no ano de 1951, por questões ligadas a conflitos envolvendo a propriedade da terra, migraram para o Triunfo e aqui chegaram em número de 40 pessoas, e que ficaram conhecidos na localidade como os negros dos 40. Esse fato é de grande importância para a história de Triunfo porque a incorporação desse povo à vida da comunidade veio acrescentar valores de ordem cultural, econômica, social e humana.

Emancipação Política
A luta pela emancipação política do município de Triunfo teve o seu ponto alto a partir de uma reunião realizada no dia 31 de agosto de 1959, na residência do Senhor Joaquim Moreira da Silva (localizada na Rua hoje denominada Sete de Setembro), tendo à frente o então Deputado Estadual Acácio Braga Rolim e com a presença de diversas personalidades locais, destacando-se os Senhores Joaquim Moreira da Silva, Raimundo Donato de Oliveira (vereador à época), Antônio Adriano de Andrade, Raimundo de Moura Mouzinho e Francisco Mangueira de Andrade, que integraram a comissão responsável pela delimitação geográfica do novo município e assumiram os trabalhos burocráticos e a articulação política, que culminaram com a nossa independência político administrativa, por força de Lei nº 2.637 de 20 de dezembro de 1961, sancionada pelo então Governador Pedro Moreno Gondim, sendo o município instalado oficialmente em 22 de dezembro, data em que se comemora o dia da cidade. O atual prefeito é o empresário Itamar Mangueira.

Picadas e a Confederação do Equador
Há 180 anos, o nordeste brasileiro vivia intensa ebulição política. À época, o Imperador Pedro I, insatisfeito com a tendência autonomista de Manoel de Carvalho, então presidente de junta que governava a província de Pernambuco, resolveu substituí-lo por Francisco Paes Barreto e dissolver a assembléia geral constituinte. A atitude do Imperador radicalizou posições separatistas já existentes, e deu inicio ao movimento que ficou conhecido como a Confederação do Equador, que tinha como objetivo maior à formação de um Estado Independente ao Norte do Brasil. Ainda que um movimento de caráter político esboçado pelas elites, o envolvimento popular foi imediato, ascendendo desejos contidos desde a repressão feita por D. João VI a Revolução de 1817.

Conforme Manifesto lançado em 02 de julho de 1824, a Confederação tinha como Presidente o próprio Manoel de Carvalho Paes de Andrade, porém foi Frei Caneca o seu maior líder e mártir.A Paraíba participou ativamente do movimento e foi em seu solo que se travaram importantes batalhas quando da repressão promovida pelo poder central. Provavelmente a maior delas se deu em 24 de maio em Itabaiana quando as forças imperiais enfrentaram os rebeldes por mais de quatro horas de luta.

O outro grande confronto e que se constitui episódio decisivo para a rendição dos confederados ocorreu na Fazenda Picadas, então município de São João do rio do Peixe e hoje Município de Triunfo, cujo nome deve-se a esmagadora vitória dos Imperialistas, em 17 de outubro de 1824.

Conta-se que 180 rebelados refugiaram-se na fazenda, e julgando estarem a salvo da repressão, entregaram-se ao vinho e ao descanso, sendo surpreendidos no meio da noite pelos inimigos, e dos 180, apenas cinco escaparam com vida. O incidente ficou conhecido como o “Morticínio de picadas”.

Após a batalha de Picadas, os lideres da Confederação foram presos em Missão Velha, Ceará, em 29 de novembro de 1824, inclusive Frei Caneca, sendo executado no Recife em 13 de Janeiro de 1825. Esse fato é contado no Triunfo geração após geração, pelos moradores, que não entendem muito bem o seu significado nem sua importância para a História brasileira. Há coincidência entre os nomes dos personagens, o que ali ocorreu conforme narrado nos livros, e os depoimentos dos moradores antigos, como o de Senhor José Lisboa Sobrinho (Zé de Nanu), que conta com orgulho a história já contada pelo seu avô e que fala da “guerra dos patriotas” , como ele chama, descrevendo minuciosamente o desenrolar da luta, acontecimentos pitorescos e frases ditas pelos envolvidos na sangrenta batalha.

Fonte: site oficial do município de Triunfo-PB.

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