29 de abril de 2011

Batra em defesa do Rio Capibaribe: escritor cajazeirense lança livro em Pernambuco

Em vários contos de fadas, princesas beijam sapos em busca de um príncipe encantado. Foi assim na história A princesa e o sapo, adaptada pela Disney para as telas do cinema. Nos contos de Mário Quintana, o sapo amarelo, nome de um dos seus livros, aparece como uma recordação da infância, sempre acompanhado por um sentimento nostálgico. Na obra publicada pela Editora Bagaço, Batra, o sapo, de Luiz Carlos Albuquerque, o animal comum às histórias infantis volta a ser um personagem e adquire agora um caráter histórico.

Logo no início do livro, o autor adverte: "É certo que Batra era um sapo-cururu. Porém devo informar que a sua história não é a de um batráquio comum, pela muito simples razão de ele não ser um batráquio comum. Comum sou eu. Se você, que por acaso está lendo esses registros, julga que isso tudo é devaneio ou conversa para boi dormir, esqueça".

A obra, dedicada ao publico juvenil, merece destaque pois faz um recorte da história do Estado, através da figura de um animal. Batra nasceu com o Rio Capibaribe e seguiu também o seu curso. "Para mim, o Batra é um sapo que acompanha a história e a luta do Rio Capibaribe, sua saga, a poluição, as dificuldades e as violências que ele enfrenta no dia a dia", revelou o escritor Luiz Albuquerque que conseguiu expressar através do livro a sua preocupação com o rio, o mesmo Cão sem plumas de João Cabral.

Autor também do Cordel infantil A guerra dos Bichos, com mais de 40 mil exemplares editados, Luiz se preocupou em desenvolver uma narrativa voltada para a conscientização da juventude. "Eu voltei para a literatura infantil com o objetivo de informar uma geração mais jovem, falar do nosso Estado", afirmou o autor.

Assim, Batra faz parte da história pernambucana ao interagir com suas figuras ou quando assume o papel de espectador frente às mudanças culturais. Em uma das passagens, o escritor narra como o sapo ficou cego de um olho. Ele foi atingido pela lança de Tabira, cacique da tribo Tabajara que lutou ao lado dos portugueses pela conquista do litoral nordestino. Ao saber do ferimento, o cacique resolveu protegê-lo e logo viu em Batra a figura de um consultor, um sábio que trazia informações das suas "andanças nos matos".

Sem imagens, o livro foi desenvolvido para um público de 10 a 17 anos e será lançado na I Feira Literária de Jaboatão dos Guararapes, na sexta-feira 29.

Reportagem de Dora Amorim no Jornal do Commercio, edição de 27/04/11.

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