Episódio do período da ditadura militar de 1964 que tem as investigações do Exército e o inquérito da Polícia Federal, até hoje, mantidos sem divulgação, o atentado à bomba no Cine Teatro Apolo 11, em Cajazeiras, Sertão paraibano, na noite de 2 de julho de 1975, desperta iniciativas na Paraíba no sentido de pedir a divulgação das apurações, a partir da série de reportagens que o JC vem publicando aos domingos. Representante parlamentar da região na Assembleia Legislativa da Paraíba, o deputado José Aldemir Meireles (DEM) anunciou que fará pronunciamento hoje sobre o tema, e apresentará requerimento pedindo que o inquérito da Polícia Federal e as investigações do Exército sejam reveladas.
O prefeito de Cajazeiras, Leonid Souza de Abreu (PSB), conhecido como Leo Abreu, também manifestou-se sobre o assunto. Em entrevista ao colunista político do jornal Gazeta do Alto Piranhas, José Anchieta Lima, o prefeito elogiou a série de reportagens do JC. "O jornal presta um grande serviço aos cajazeirenses, principalmente aos mais jovens, ao resgatar esse fato marcante da história da cidade, que aconteceu num momento difícil da vida política nacional", declarou Léo Abreu.
Passados mais de 35 anos, o crime está prescrito - inclusive pela Lei de Anistia de 1979, se tiver conotação política, mas as autorias intelectual e material e a motivação do atentado não estão esclarecidas. Jornais eletrônicos, sites e blogs paraibanos e da própria Cajazeiras estão transcrevendo as reportagens completas e as emissoras de rádio locais, Difusora de Cajazeiras, Alto Piranhas, Oeste da Paraíba, Patamuté, Arapuan e Cidade repercutem as matérias, algumas delas com microfones abertos para depoimentos dos ouvintes.
Moradores mais velhos são estimulados a recordar e detalhar os momentos que se seguiram após a explosão da bomba do Cine Teatro Apolo 11. Os sites www.setecandeeiroscaja.blogspot.com, www.coisasdecajazeiras.blogspot.com e www.diariodosertao.com.br estão reproduzindo na íntegra as páginas da série de reportagens.
A série do também repercute na Câmara Municipal de Cajazeiras. Em sessão plenária, vereadores abordaram o episódio e as reportagens, destacando-se o presidente da Câmara, Marcos Barros (PSDB), e um emocionado pronunciamento do vereador, cadeirante, Severino Dantas (PT), que foi perseguido na ditadura. Dantas relatou que teve o pai submetido a constrangimentos físicos e psicológicos, no município de São João do Rio do Peixe, para revelar o paradeiro do filho que se encontrava foragido.
A Rádio CBN de João Pessoa, por sua vez, à frente o jornalista e âncora Nonato Guedes, abriu espaço para ouvir o ex-secretário de Planejamento da Paraíba no governo Ivan Bichara (1975-1978), o economista Francisco Cartaxo Rolim, sobre o episódio. Entre as versões e particularidades geradas pelo atentado, Cartaxo destacou a necessidade da população conhecer as razões e os autores do atentado em que morreram duas pessoas (outras duas ficaram mutiladas). "Insisto na necessidade da palavra oficial da Polícia Federal ou do Exército sobre o episódio. Apelo aos senadores e deputados da Paraíba para que ajudem a obter o pronunciamento oficial sobre o atentado a dom Zacarias Rolim de Moura, no Apolo 11, em especial o senador Vital Filho (PMDB) e o deputado federal Luiz Couto (PT)", ressaltou o economista.
O jornal Correio da Paraíba, de João Pessoa, e o Gazeta do Alto Piranhas, de Cajazeiras, também transcreveram matérias do JC, ampliando a repercussão no Estado. No jornal O Norte, de João Pessoa, Nonato Guedes, lembrou o episódio em sua coluna política e fez coro pedindo que se torne público o resultado das investigações.
Reportagem publicada na página 6 - Política - do primeiro caderno do Jornal do Commercio. Recife-PE, 28/04/2011.
Reportagem publicada na página 6 - Política - do primeiro caderno do Jornal do Commercio. Recife-PE, 28/04/2011.
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