17 de abril de 2011

Obras da transposição estão paralisadas em São José de Piranhas

As obras da transposição do Rio São Francisco estão praticamente paralisadas no Município de São José de Piranhas, no sertão paraibano. A burocracia e atrasos gerados por problemas nas licitações seriam os principais motivos para a lentidão. No canteiro de obras, ninguém fala sobre a paralisação. A reportagem não foi autorizada a entrar. Mesmo assim, foi possível perceber que não havia sinal de máquinas trabalhando.

A reportagem procurou falar com o gerente de contato do Consórcio Paulo Mota, no escritório da empresa localizado entre Cajazeiras e São José de Piranhas. Não foi possível a entrevista. Ontem foi tentado contato telefônico, mais uma vez. O número fornecido pela secretaria do Consórcio estava sempre ocupado. A assessoria de imprensa do Ministério da Integração Nacional não informou o motivo da paralisação. No escritório de Salgueiro, que administra o projeto, a informação é de que os dois funcionários do Serviço de Comunicação Social estavam em campo.

O mesmo consórcio de empresas que não autorizou o acesso da reportagem ao canteiro de obras do túnel em São José de Piranhas não proibiu a entrada na área onde está sendo aberta a janela de acesso ao túnel, na cidade de Mauriti. Ali, os trabalhos estão acelerados. O funcionário, Ademildo Carvalho Andrade, disse que já foram perfurados 600 metros de túnel.

A ventilação é feita por uma turbina que conduz o ar externo para o interior. O objetivo da abertura, segundo Ademildo, é permitir a manutenção do equipamento que está operando no túnel principal. Ele reclama do Consórcio que está executando o projeto que, segundo afirma, não está cumprindo parte das obrigações sociais. Não está pagando, por exemplo, gratificação por insalubridade.

Nas ruas de São José de Piranhas, o comentário é a demissão dos operários. Nos últimos dias, cerca de 150 trabalhadores foram dispensados dos serviços de escavação do túnel. De acordo com trabalhadores das empresas Serveng, SA Paulista e SA Carioca, a determinação pegou todos de surpresa.

Túnel
A escavação do desemboque do túnel Cuncas I, de acordo com o projeto, fica no Sítio Curral da Onça, distante 18 quilômetros de São José de Piranhas. Conforme o projeto, o túnel mede 15 quilômetros de extensão, tendo nove metros de altura e 20 de largura, configurando-se como o maior da América Latina. O túnel começa em Mauriti (CE) e vai até São José de Piranhas (PB).

Conforme matéria publicada na imprensa paraibana, a especulação entre os trabalhadores é de que faltaram recursos para a continuidade do trabalho e que uma grande construtora assumirá a concretação do Lote 7 do canal e a conclusão das barragens dos Morros e Bartolomeu.

Eles informaram que os primeiros funcionários demitidos foram os britadores e auxiliares. Segundo as notícias, todo o restante foi mandado embora, com exceção dos funcionários do departamento de pessoal e os da lubrificação, responsáveis pela limpeza das máquinas que serão levadas para São Paulo e Rio de Janeiro.

A pouca movimentação dos operários e o silêncio indicam a paralisação, confirmada pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, que, conforme notícia de jornais do Estado da Paraíba, garantiu ao deputado federal Romero Rodrigues que, até o mês de junho, os serviços do Eixo Norte (região de São José de Piranhas) do projeto da transposição do Rio São Francisco serão retomados em toda a plenitude e os problemas superados. O ministro afirmou que estão sendo adotadas providências de caráter técnico e que os problemas serão resolvidos e o cronograma traçado para o empreendimento deverá ser cumprido e terá andamento acelerado. Estão também sendo revisados alguns contratos visando resolver algumas pendências, conforme o ministro.

Complexidade
A complexidade da transposição não se restringe à construção de túneis. O sistema completo, segundo o projeto, será apoiado pela construção de 36 barragens, 17 aquedutos, sete túneis, 63 pontes, 35 passarelas e 165 tomadas de água. Nas estações de bombeamento, subestações de energia serão construídas para fazer com que a água suba montanha acima, em lances de 35,60 metros de altura. A utilização das barragens vai permitir que, diariamente, esse sistema de bombeamento seja desligado por três ou quatro horas, para manutenção e economia de energia.

O Eixo Norte, com 426km, segundo o projeto, tem conclusão prevista para 2012 e início das operações em 2013. Atualmente, está com avanço de 52%. A captação será diretamente no Rio São Francisco, próximo à cidade de Cabrobó, em Pernambuco. A água do canal irrigará as bacias dos rios Salgados e Jaguaribe, no Ceará; Apodi, no Rio Grande do Norte; e Piranhas-Açu, na Paraíba e Rio Grande do Norte.

Reportagem de Antônio Vicelmo no Diário do Nordeste.

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