20 de novembro de 2011

Cajazeiras no "Itinerário Musical do Nordeste"

A poesia sonora dos cultos afro-brasileiros, além de bandas de pífanos, ciranda, coco de embolada, aboio e reisado nordestinos estão reunidas numa coletânea de dez discos que foi lançada este mês com o nome de Itinerário Musical do Nordeste. Completam o box registros de tambores de crioula, maneiro-pau, incelência, guerreiro, histórias e cantigas coletadas em sete Estados.

O projeto Itinerário Musical do Nordeste é um desdobramento de uma pesquisa realizada nos anos 1976 e 1977 pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj/PE) em parceria com o Instituto de Etnomusicologia e Folclore de Caracas, Venezuela. Na época, os pesquisadores visitaram sete estados da região, de Alagoas ao Maranhão, fazendo registros sonoros, além de fotografias. O objetivo era preservar a memória cultural desse Nordeste de raiz forte, mas também de outros países da América Latina.

Na passagem pela Paraíba, foram visitadas cidades como Campina Grande, Sapé, Cajazeiras e Patos, além da capital onde foram gravadas as disputas de repente entre Otacílio Batista e Oliveira de Panelas. Para este, o projeto “é muito bom em se tratando da divulgação da arte e dos valores, tem que fazer mais coisas desse tipo”.

Os sons da região ficaram guardados do acervo da fundação pernambucana até o ano de 2008, com acesso apenas para pesquisadores que soubessem da existência dos registros preservados em 208 horas de gravação em fitas de rolo.

Segundo a diretora de documentação e acervo da Fundaj, Rita de Cássia Araújo, responsável pelo projeto, a ideia era fazer uma prestação de contas com a sociedade, além de universalizar e tornar público esse material. "Temos que devolver isso aos grupos que visitamos para que eles possam se reapropriar e recriar a partir desse simbolismo”, disse.

O projeto final tem alguns erros geográficos, com citação a Cajazeiras em Pernambuco, ou à cidade maranhense de Brejo de Areia como sendo localizada na Paraíba. Ainda assim, não diminui o valor do esforço da Fundaj em cumprir o seu papel como uma fundação cultural de serviço público, que precisa produzir e difundir conhecimentos, assim como preservar a memória cultural do povo, além de apenas realizar eventos.

Artistas paraibanos também apareceram na gravação do disco oito, de Maneiro-Pau / Coco de Embolada, com Geraldo Mousinho (coco) e Cachimbinho (pandeiro), registrados em Campina Grande.

A outra participação paraibana é no álbum de reisados, o sétimo, com uma lista de seis cajazeirenses: José Miguel dos Santos, Joaci de Souza Costa, Olímpio da Silva e José Barros, todos cantores, além de Manuel dos Santos no violão e Antônio Oliveira que canta e toca pandeiro. O lançamento oficial do projeto foi no dia 12, em Juazeiro do Norte, durante o encerramento do evento Nordeste Múltiplos nos Cariris.

Reportagem de Jocélio Oliveira para o Jornal da Paraíba

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