PETSON SANTOS
Ser pai é inexplicável. E eu então, sou um homem prestigiado, pois Deus me deu meu filho duas vezes. Era uma quarta-feira do ano 2005, quando meu filho ao ser internado no então Hospital Infantil de Cajazeiras, com pequenas complicações, doença de criança mesmo, vômito e diarreia, mas disso veio uma infecção generalizada, septicemia. Com o agravamento do caso resolvemos por orientação do Dr. Ruberval, transferi-lo para o Regional de Sousa, só tinha um problema, não tinha uma ambulância em Cajazeiras, conseguimos uma ambulância da cidade de Bom Jesus, que acabava de trazer um paciente, e sobre o pedido do meu tio Chagas Machado, o motorista, que até hoje, não sei o nome, resolveu ajudar levando João até a cidade de Sousa.
Em Sousa, a Dr. Núbia examinou-o afirmando ser um caso grave e mandou levar a criança para Campina Grande, mas tinha outro problema, a ambulância de Bom Jesus não tinha condições, pois os pneus não estavam em bom estado e com outros problemas. E o tempo, que era valioso, ia se passando...
Vendo a situação, um grupo de mulheres, que estavam próximas, se comoveu e resolveu ajudar, uma delas me recordo muito bem: Seiça; esse anjo ligou para o Prefeito de Aparecida, na época Julio César, que conseguiu a ambulância. Em meio a medicação, que precisava ser aplicada para que João conseguisse chegar a Campina, o estado piora. A mãe, que estava na sala de urgência, saiu em desespero, cai nos braços da avó de João, sua mãe: "eu perdi meu filho". Eu não acreditei, corri onde estava João Pedro; constatei a médica que ali o reanimava e vi sua barriguinha subir e descer, bom sinal, ele estava vivo, gritei a boa noticia e todos se alegravam.
Minha esposa foi uma vitoriosa, desde o início estando ao seu lado, cuidando, amando em seu silêncio. De Sousa até Campina, viu vários milagres. Viu a enfermeira, próximo a Serra de Santa Luzia, dizendo: "perdemos a veia e estamos sem oxigênio". "Ambulância em movimento, luzes apagavam e acendiam, não tinha mais onde pegar veia boa, era difícil, mas Jesus estava por perto, Ele cuida de todos nós. Ia o caminho inteiro repetindo a oração de Santa Terezinha, que na novena se repete 24 vezes, eu devo ter repetido umas quinhentas: Gloria ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, assim como era no princípio, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos, Amém”. Confessa a mãe.
Logo atrás da ambulância estava eu, meu Pai e meu Tio Chagas, três pessoas em veículo, orando para que o pequenino chegasse em paz. Rezamos o Terço, e não tinha duvida que Maria estava lá também a ajudar e a interceder por João Pedro.
Chegamos a Campina, deu-se encaminhamento direto para UTI do Hospital Clipsi, seu estado hemodinâmico e neurológico complicou-se. Seu coração deu sinais de mau funcionamento. O primeiro parecer Médico: "O caso de João Pedro é grave, gravíssimo”. A médica foi mais adiante e destacou que, caso ele sobrevivesse, ficaria só a bater os olhos. Mas, ao olhar para os olhos daquela médica disse: “Doutora, peço a Senhora que faça a sua parte, pois tenho certeza que Deus vai e já está fazendo a Dele”. Ela, a pensar, me olhou e seguiu para UTI, depois disso resolvi me ajoelhar naquele corredor que dava acesso a UTI, e pedir a Deus: “Meu Senhor, caso eu mereça, ajuda o meu filho, deixe-o viver, sei que o Senhor não me abandonará e sei mais ainda, que não abandonará a ele também”.
Recordo que foram dias de agonia, mas de muita oração, ligava para as rádios de Cajazeiras, pedia oração, chorava, mas não desanimava. Vi minha família toda unida em um só propósito: orar e pedir a Deus que salvasse João Pedro, que completava um ano e quatro meses dentro de um hospital.
Para se ter idéia, minha Sogra, juntamente com minha esposa e minha cunhada faziam rodízio para ficar com ele no Hospital, eu não tinha forças para entrar na UTI, quando chegava à porta, logo minhas pernas tremiam e recuava.
Neste tempo de espera, estava com meu Pai e meu Tio (outro paizão). Encontrei amigos e irmãos da comunidade 'Remidos do Senhor', que estavam acabando de chegar a Campina para abrir uma Casa de missão, foram eles que me apoiaram também.
Sei que nas minhas orações o que mais pedia, como pai, é que eu pudesse colocar João mais uma vez no colo e Deus, na Sua infinita bondade, me deu este presente: após sair da UTI peguei-o nos braços e abracei. Ninguém imagina o quando foi bom para mim aquele momento.
Depois de dez dias, ao sair daquele Hospital, bastou alguns dias de exames (eletro, tomografia) para descobrir que Jesus tinha realizado um milagre por completo, nada tinha ficado de sequela, nenhum medicamento ele precisaria tomar. O neurologista chega a dizer, brincando lógico: só eu perdi o cliente, ele não vai precisar de mim. Ao contrario das expectativas médicas iniciais, hoje ele é uma criança saudável e além de bater os olhos, também corre, brinca, abraça, craque no vídeo game, no raciocínio lógico, na leitura e na escrita, é líder no grupo de amigos da sala do 3º ano de Carmelita e é um amor de pessoa. Valeu Deus por este presente.
Obrigado também por Marianny, essa menina que também é outro presente que o Senhor me deu, os dois realmente, neste dias dos pais, são os meus maiores presentes. Agradeço também a minha esposa por me proporcionar essa alegria.
Obrigado a todos que leram até o final. Valeu Painho, Tio Chagas. Valeu Antônio Conrado (não vou esquecer dos seus gestos comigo e com meus filhos). Valeu Zerinho, Damísio Mangueira, Edomarques Gomes, José Aldemir, Rômulo Gouveia, Edileide, Juliana, Darci Medeiros, Mainha, Maria (minha Sogra), Seiça, Júlio Cesar, Dr. Núbia, Dr. Ruberval, Dr. Júlio Bandeira (in memorian). Agradeço pela Comunidade Remidos no Senhor, Paróquia São João Bosco, Grupo Missão Éfeso, assim como todas as outras religiões que se empenharam em suas orações. À todos os enfermeiros e médicos que se sensibilizaram, enfim, agradeço a todos que nem ao menos conheço, mas que me ajudaram nestes dias.
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