15 de julho de 2012

Sesquicentenário de Pombal: ares de imortalidade para o desbravador da nossa história


CLEMILDO BRUNET

A cidade de Pombal vive mais uma vez agora no mês de Julho, sua festa de Aniversário completando 150 anos de elevação à categoria de cidade. Portanto, seu sesquicentenário. Digo isso porque, por muitos anos a data de 21 de julho era citada como se fosse de emancipação política do Município.

Até mesmo, a quem vamos homenagear hoje nessa coluna, pensava assim, e escreveu o livro “O Velho Arraial de Piranhas” lançado por ocasião do Centenário de Pombal em 1962, como data de emancipação política do Município. Vero engano, baseado em outros historiadores que assim o afirmavam.

Wilson Nóbrega Seixas nasceu na cidade de Pombal sertão do Estado da Paraíba, a 15 de julho de 1916, e faleceu na capital do Estado em 11 de março de 2002. Filho de Newton Pordeus Rodrigues Seixas e Natália Nóbrega Seixas, importantes troncos de família sertaneja. Se vivo estivesse, neste domingo 15 de julho estaria completando 96 anos de idade. Como historiador resolveu pesquisar a nossa história e foi em busca de provas documentais chegando ao ponto de desmistificar “histórias tidas como oficiais”, amparadas pela Igreja Católica, como é o caso do Padre Manuel Otaviano, que por ser Sacerdote, deu uma conotação sem provas e sem documentos a religião que professava, referindo-se aos acontecimentos que antecederam a fundação da cidade de Pombal. O historiador Celso Mariz também bebeu dessa fonte.

Wilson Seixas, apesar de ter aceitado essa primeira versão do Padre Manuel Otaviano, através de correspondência fez contato com o Ultramarino em Portugal para buscar em documentos oficiais as provas que contariam de maneira correto a história da luta entre os índios confederados; panatis, Coremas e Ariús e os conquistadores.

Posteriormente, o desbravador da nossa história, em artigo publicado a respeito de suas novas pesquisas, chegou a admitir com muita propriedade, ter errado, quando das informações no seu livro “O Velho Arraial de Piranhas” em 1962, pela gráfica A Imprensa. Em outra ocasião pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba (IHGP), lançada nos quinhentos anos do descobrimento do Brasil, ele volta a tratar do assunto.

Mesmo tendo a saúde abalada, o desbravador da nossa história, grande estudioso, ficou cada vez mais fragilizado pegando em documentos de arquivos de cartórios e câmaras adquirindo para si fungos e o trabalho tornou-se árduo e cansativo já não atendendo a necessidade de seus anseios. Era da vontade de Wilson Seixas, reeditar “O Velho Arraial de Piranhas” e conseguiu resgatar esse inicio de história de Pombal, contando com seus amigos também escritores e historiadores: Verneck Abrantes, Evandro Nóbrega e Jerdivan Nóbrega de Araújo. E o livro foi reeditado numa edição revisada e atualizada como era do gosto de Wilson Seixas, porém não contou com a presença do seu autor no lançamento, pois já havia partido para eternidade.

Wilson da Nóbrega Seixas, o desbravador da nossa história, teve como o seu primeiro professor o seu pai Newton Seixas, autor da letra do Hino de Pombal. Demonstrando ambos os amores a nossa terra e a nossa gente, desbravando a cultura para o nosso povo. Wilson da Nóbrega Seixas com as pesquisas realizadas que o debilitou, conseguiu deixar este legado para a História de Pombal, fazendo com que a Câmara Municipal de nossa cidade mudasse o perfil da Lei Orgânica do Município, restabelecendo as datas mais importantes, do município mais antigo do sertão Paraibano.

Hoje a população de Pombal é ciente de que, agora em julho, dia 21, não se trata da data de emancipação Política, e sim a data em que a vila de Pombal é elevada a Categoria de Cidade. Muitos políticos alheios a essa história, ainda repete em seus discursos hoje, ser essa data emancipação política.

As três datas importantes que marcam a história de Pombal, são essas: 04 de maio de 1772 a elevação do Arraial à categoria de Vila, com a denominação de Vila de Pombal, na mesma data também ocorre sua emancipação política. 27 de Julho de 1698- No sertão das Piranhas, lugar conhecido como Povoação do Piancó, Teodósio de Oliveira Lêdo fundou o Arraial de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Piancó (Pombal). E 21 de Julho de 1862. A Vila de Pombal é elevada à categoria de cidade.

Portanto, em 2012 Pombal Comemora: 314 Anos de Fundação; 240 anos de vila e emancipação política e 150 anos de sua elevação a status de cidade. (Livro: Um Olhar Sobre Pombal Antiga- 1906 a 1970 de Verneck Abrantes).

Certa feita, Wilson Seixas declarou: “Posso assegurar ter encontrado aqui em Pombal, uma fonte histórica que nos oferece campo vasto para as narrativas mais antigas da nossa colonização Sertaneja”.

No artigo, Edição definitiva para Seixas da revista UNIPÊ 2005 de João Pessoa, em um dos trechos diz o seguinte: “O livro que, em face da esmerada pesquisa documental, em fontes principais, permite exata visualização da ocupação do sertão paraibano e parte do nordestino, veio à luz enriquecido por vários textos de interpretação”; numa referencia ao Velho Arraial de Piranhas que teve a sua edição ampliada e revisada, cujo lançamento em Pombal foi feito em 09 de setembro de 2004, devido ao zelo e cuidado da viúva e colaboradora do autor, Sra. Zélia Carneiro Arnaud Seixas.

É difícil dimensionar o valor do desbravador da nossa história, pois em sua obra de historiador e escritor deixou os seguintes títulos: O Municipalismo e Seus Problemas, Os Pordeus no Rio do Peixe, Viagem Através da Província da Paraíba, o Velho Arraial de Piranhas (Pombal) e Odontologia na Paraíba. Este último define bem a sua especialidade na vida secular, pois era cirurgião dentista formado pela Faculdade de Odontologia do Recife.

O historiador paraibano, Professor José Otávio de Arruda Melo, referindo-se certa vez a Wilson Seixas disse assim: “Pombal possui uma estrela de primeira grandeza nos céus da literatura brasileira”. Não somente os historiadores paraibanos, mas também os mais destacados a nível nacional, mencionaram as obras literárias de Wilson Seixas como fonte autêntica. É isso que lhe dá ares de imortalidade e ser chamado o desbravador da nossa história.

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