11 de novembro de 2012

Ary Barroso e o Dia do Radialista


CLEMILDO BRUNET

Todos nós um dia fomos despertados pela consciência para alguma atividade na vida. Quem vive neste mundo e cuja mentalidade ainda não descobriu o que fazer é considerado pela nossa sociedade um alienado.

A nossa existência é feita de sonhos para grandes ou pequenas realizações dependendo tão somente como esses sonhos são trabalhados na mente de cada indivíduo. Às vezes seguimos uma trilha que nos conduz até o ponto que, sem que percebamos, torna-se a nossa atividade principal. Quantos pelo mundo afora procuraram empregos em diversos setores batendo de porta em porta acertar a profissão que seria mais adequada a sua disposição inata?

O título acima sugere que tratemos da vida de um homem que nasceu em 07 de novembro de 1903 na cidade de Ubá em Minas Gerais e faleceu no dia 09 de fevereiro de 1964 no Rio de Janeiro. Seu nome de batismo Ary Evangelista Barroso (Ary Barroso).

Em razão dessa personagem na nossa história, o Dia do Radialista que era comemorado na data original de 21 de setembro passou a ser celebrado no dia 07 de novembro desde a publicação da Lei Federal 11.327 de 24-07-2006, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ary Barroso ao completar 07 anos de idade perde seus pais e passa a ser criado pela avó, Gabriela Augusta de Resende e pela tia professora de piano, Rita Margarida de Resende. O empenho da avó e da tia era fazê-lo padre. Aos doze anos começa a trabalhar como pianista auxiliar no Cine Ideal. Em 1918 faz duas composições musicais o cateretê “De Longe” e a marcha “Ubaenses Gloriosos”. Dois anos depois se muda para o Rio de Janeiro. Nesse tempo Ary herdou uma pequena fortuna de 40 contos de réis deixada pelo um tio. Foi estudar direito. No entanto, só viria se formar 9 anos depois. Como advogado nunca exerceu a profissão.

Em dois anos no Rio de Janeiro torrou todo dinheiro em farras. Para levantar fundos a fim de pagar a faculdade e pensão, tocou piano em cinemas, cabarés, grandes e pequenas orquestras, fez excursões e tornou-se famoso. Nesse meio tempo a sorte lhe foi favorável abrindo-lhe as portas o Teatro de Revista que estava no auge e o encontro com duas cobras no gênero musical: Olegário Mariano e Luiz Peixoto. Este ultimo que tinha a idade de ser seu pai foi seu parceiro mais constante.

Ary Barroso participou de mais de 60 montagens e em várias delas escreveu roteiro, argumento e trilha. Entre 1931 e 1934, conseguiu emplacar e definiu rapidamente seu estilo inovador para a época assinando sua primeira dúzia de obras primas. Desse modo, se firma ao lado de Noel Rosa como maior gênio da nova geração que vinha surgindo. Noel era um genial inovador do conceito de letra na canção popular, enquanto que Ary incorporava as lições do amigo e ainda fazia sua própria revolução na parte musical.

O ingresso no rádio se deu como figurante em 1933. Em pouco tempo era redator, humorista, apresentador, repórter, produtor, pianista, mestre de cerimônias, entrevistador, narrador e comentarista de futebol. Criador e apresentou de dois programas no cenário nacional na época: Calouros em Desfile e Encontro com Ary.

Em 18 de agosto de 1939 Aquarela do Brasil composição de Ary Barroso é gravada em acetato (disco de alumínio, recoberto de matéria mole especial, usado para gravações sonoras experimentais ou provisórias), na voz do Rei da Voz Francisco Alves com a orquestra regida pelo maestro gaúcho Que estava fazendo sua fama na capital: Radamés Gnatalli.

Era o início da carreira daquela que seria a canção mais conhecida aqui e no exterior, ao lado de umas quatro ou cinco canções de Jobim e ainda mais do que qualquer canção carioca de Tom, Aquarela se transformou numa espécie de Hino Nacional Alternativo Brasileiro.

Depois da segunda guerra mundial os Estados Unidos da América fazendo a política da boa vizinhança enviou ao Brasil a Walt Disney que procurava inspiração pra seus futuros personagens brasileira, ouviu a canção e poucos meses depois, Ary embarcava para os Estados Unidos.

Brazil, a canção havia sido incluída na trilha do filme Alô Amigos, de Disney, e foi o maior sucesso. Como se não bastasse, Ary foi convidado pela Picture Filmes pra passar uma temporada em Wollywood, a fim escrever a trilha de um novo filme que seria chamado justamente Brasil.

Em 1946 Ary Barroso foi eleito vereador do Rio de Janeiro pela antiga UDN (União Democrática Nacional) em oposição ao PTB de Getúlio Vargas. Em 1955 ganha a Ordem Nacional do Mérito, a maior honraria dada pelo Governo brasileiro. Nesse tempo além de continuar no rádio começa a entrar na TV.

Como apresentador de programa de calouros era temido por ser durão e intransigente com quem mostrasse gosto ou opinião diferente da sua. Seus programas revelaram nomes que fizeram história na nossa música popular brasileira, como Dolores Duran, Elza Soares e Elizeth Cardoso. O que se pode observar deste relato da vida de Ary Barroso é que ele não iniciou a sua carreira como radialista e sim como músico.

A música está relacionada com a atividade que é exercida no rádio. Possa ser que haja exceção, mas acredito que todo radialista é ligado na música. Eu mesmo comecei minha carreira gostando de música desde a infância, razão pela qual nas minhas brincadeiras utilizava um cabo de vassoura para servir de pedestal e uma lata como microfone divulgando as músicas de então, que eram cantadas por outro companheiro de meu tempo.

Meu apelo é para os que fizeram e ainda fazem do rádio o sacrário de suas vidas profissionais possam de coração desenvolver o seu trabalho com ética e dinamismo e façam das palavras do apóstolo S. Paulo, as suas palavras: “Tanto sei estar humilhado como também ser honrado, de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez. Tudo posso naquele que me fortalece”. Fp. 4:12,13.

07 de novembro é Dia do Radialista – Parabenizo a toda classe de comunicadores deste imenso país e que Deus abençoe suas atividades radiofônicas hoje e sempre. Amém.


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