18 de novembro de 2012

O alerta de Catão


GONZAGA RODRIGUES

Relatando a seus pares do TCE, em sessão de setembro, o que pôde constatar na visita que fez, a convite da Assembleia, a começar das várzeas de Sousa, ao Canal da Redenção, até as obras de transposição do São Francisco, o conselheiro-presidente Fernando Catão não esconde sua preocupação com problemas de paralisação de algumas obras e, sobretudo, o despreparo dos cursos dágua da Paraíba que vão receber o volume de água projetado. Além disso, chama a atenção a utilização indevida das águas destinadas às Várzeas de Souza, já em si sacrificadas pelo assoreamento do canal.

Como estudioso ou como ministro, o presidente Catão participou dos estágios preliminares da transposição, tem muitos anos de estrada na região e motivação suficiente para se empolgar com a magnitude do projeto, que vê como “uma das maiores obras hídricas do mundo, onde a engenharia brasileira está colocando todo o seu saber”. Viu atraso de execução da estação de bombeamento do Eixo Norte, que vem desaguar na Paraíba e segue para o Ceará, foi também ao Eixo Leste, que beneficiará o Cariri paraibano, bem adiantado em obras.

Mas, no somatório de impressões, voltou triste, com mais preocupação do que euforia. “O que trago de preocupante é a situação desoladora em que se encontra o interior do Nordeste – e olha que tenho mais de trinta anos de estrada por esses rincões do país - e nunca vi uma situação tão deprimente” – informou a seus pares, descrevendo um quadro em que a Paraíba não pena menos. “As cidades, aparentemente, cresceram e melhoraram, mas são inchadas, e no campo, praticamente, não tem atividade nenhuma. É desolador não ver mais nada na pecuária, nada de produção, apenas umas manchazinhas de pequenas irrigações. (...) As casas nessa região estão completamente desabitadas e não sei como resolver essa situação. Vou fazer um alerta ao Excelentíssimo Senhor Governador, com relação ao estoque de água, altamente preocupante. (...) Qualquer açude do porte do Soledade ou do Boa Vista estão totalmente secos, não tem água nenhuma.(...) um próximo ano de chuva abaixo da média e teremos um problema nacional muito sério”.

A outra preocupação, seriíssima, é com o desvio criminoso de águas nas Várzeas de Souza, prejudicando projeto-modelo de agricultura orgânica, prestes a transferir tecnologia, e a pouca água está sendo utilizada para outros fins que não os da micro-irrigação. Do conjunto de bombas, apenas duas funcionam porque há escassez de água no canal para bombear. Além do assoreamento do canal, vem o furto d’água. O assunto exige mais síntese e, à falta dela, mais espaço.



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