21 de outubro de 2012

Dr. Avelino, uma das maiores lideranças políticas de Pombal


CLEMILDO BRUNET

Quem viveu esse tempo há de concordar comigo, que sem dúvida alguma, o Dr. Avelino Elias de Queiroga com seu serviço prestado a população de Pombal receitando de graça e utilizando-se às vezes da via pública para atender pacientes que o procuravam, fez com que mais tarde, o notável médico viesse a ser uma das maiores lideranças políticas da região de Pombal.

Dr. Avelino prescrevia o remédio ou medicamento utilizando-se até de papel de embalagens do comércio local, (fato esse que presenciei certa vez na Padaria Vitória de meu Pai), como formulário de receita médica e fazia isso na maior tranquilidade debaixo das árvores que lhe servia de sombra contra o impiedoso sol causticante do sertão.

Nascido em Sousa em 16 de abril de 1920 filho de tradicional família sertaneja, seus pais Vicente Marques e Olivia Elias de Queiroga, neto de Ana Maria Queiroga e de André Avelino de Queiroga e bisneto do Dr. Benedito Marques da Silva Acauã, Presidente da Câmara em 1870. Dr. Avelino era irmão do Desembargador Antonio Elias de Queiroga.

Sua infância e adolescência foram vividas em uma região bem próxima à hoje cidade de São Domingos de Pombal, em uma mansão construída no início do século XIX que tinha 21 janelas, fazenda de seu bisavô Dr. Benedito Marques da Silva Acauã, no lugar conhecido por Nova Acauã.

Casou-se no dia 15 de dezembro de 1949 com Maria Adeildes Cavalcanti de Queiroga (nascida em 25 de maio de 1923), perante o 1º Suplente de Juiz, João Trigueiro da Rocha, e teve como testemunhas o Dr. Chateuaubriand de Sousa Arnaud e Dalva Carneiro Arnaud. Desta união nasceram: Maria Auxiliadora, Avelino Elias de Queiroga Filho (Avelininho, ex-vereador em Pombal) e Fátima Cavalcanti.

Ex-combatente das Forças Armadas serviu ao Exército Brasileiro quando fazia seu curso de medicina no Recife no início da segunda guerra mundial, Uma tropa do exército comandada por um oficial fez a convocação dos jovens em uma sessão de cinema, qual não foi a sua surpresa quando seu nome estava na lista. Atendendo o chamado, destacou em Pindamonhangaba e por ser estudante de medicina ficou justamente numa base da área médica.

A despeito de não ter logrado êxito na sua primeira investida política, pois segundo o historiador e pesquisador Verneck Abrantes em seu livro “A Trajetória Política de Pombal” narra que Dr. Avelino concorreu às eleições para Prefeito de Pombal em 1955 tendo como vice Nelito Alves pelo PSD. No entanto, foram eleitos para Prefeito e Vice Elry Medeiros Vieira e Cândido de Assis Queiroga, respectivamente, pela UDN e PL para o período de 1956 a 1959.

Já em 1959 Dr. Avelino é eleito vice prefeito tendo como companheiro de chapa Dr. Azuil Arruda de Assis pelo PSD, para o período de 1960 a 1963, em pouco tempo por questões políticas Dr Avelino renunciou o cargo de vice Prefeito, no entanto, em 1963, Dr. Avelino Elias de Queiroga, nas eleições de 11 de agosto, é eleito Prefeito pelo PSD 1, período de 1964 a 1968. 0 seu candidato a vice-prefeito, Nelito Silva, não conseguiu ser eleito na votação em separado, mas sim o seu opositor, Paulo Pereira Vieira. Daí em diante a oligarquia do grupo Pereira iniciou uma batalha contra Dr. Avelino, denunciando sua administração nos tribunais com o intuito de destituí-lo do cargo para que o vice Paulo Pereira, assumisse o comando do executivo pombalense.

Numa luta renhida com a oligarquia Pereira, Dr. Avelino teve de enfrentar perante a Corte paraibana, muitos processos. Havendo alcançado o período da revolução de 64, Os prefeitos tiveram prorrogação de mandatos por mais dois anos, alterando deste modo o calendário eleitoral. Em 1968 Dr. Avelino consegue eleger seu sucessor, o médico Atêncio Bezerra Wanderley, pelo PMDB, tendo como companheiro de chapa Cristóvão Amaro.

Fatos que presenciei
Terminada apuração dos votos na Sede Operária numa manhã ensolarada onde acompanhamos a marcha das apurações, em que foi declarado eleito o Dr. Atêncio, uma multidão esperava a saída dos vitoriosos para a passeata, em dado momento o tenente do Exército que veio com a tropa federal dar segurança ao pleito, ficou pasmado com o povo, que ovacionava mais Dr. Avelino, carregando-o nos braços em detrimento do que havia sido eleito. O tenente me perguntou qual a razão de tanto entusiasmo da multidão com o Dr. Avelino e não com o que havia sido eleito. Eu então falei da liderança que Dr. Avelino exercia sobre o povo, pois com seu apoio Dr. Atêncio obtivera a vitória.

Certa vez em um comício no Bairro dos Pereiros a multidão comprimia tanto Dr. Avelino, que no momento de seu discurso chegou a passar mal, levaram-no pra uma casa ali perto e Dr. Atêncio com a paciência que lhe era peculiar, fez o diagnóstico dizendo para Dr. Avelino que não ficasse preocupado que não era nada no coração. O que prontamente Dr Avelino respondeu, “você quer dizer a mim, pensa que não conheço o que estou sentindo?”

Doutra feita em plena euforia de uma campanha política, era costume do Dr. Raphael Carneiro Arnaud, tratar os adversários, como ilustres. Quando fazia essa saudação, Dr. Avelino Por traz de Raphael dizia: “Não chame essas pestes de ilustres”.

Dr. Avelino era muito querido pelas camadas mais pobres, os que o acompanhavam na lida política eram denominados de “Frasqueira”. Certa vez por causa de tal apelido fizeram uma passeata em que com frascos de injeções foram feitos rosários que as pessoas penduravam no pescoço e saiam rua afora com grande entusiasmo. Em suas campanhas havia sempre o slogan: “O tostão contra o milhão.”

Em 1972, Francisco Pereira Vieira e Hildo de assis Arnaud venceram as eleições para prefeito e vice respectivamente, contra Dr. Avelino Elias de Queiroga e Expedito Sales Sarmento, que concorreram pelo PMDB 1. Não obtendo êxito nessa eleição, o médico Avelino Elias de Queiroga com tanta perseguição que vinha sofrendo do grupo oligárquico que agora estava no poder, resolveu dar adeus a Pombal e fixar residência em Maringá no Paraná. Veio a falecer em 22 de fevereiro de 1975 no Paraná, seu corpo foi trasladado para Pombal e sepultado no Cemitério Senhora do Carmo, sob forte comoção e grande alarido.

Médico humanitário e grande líder político que marcou a sua vida pautada em fazer o bem. Era um exímio cirurgião além da praticidade de clínica geral, diagnosticava as doenças das pessoas sem precisar de exames laboratoriais e dava total assistência aos mais carentes em tempos de cheias do rio Piancó, de calças arregaçadas ao meio da canela, saia de casa em casa consultando e medicando os menos afortunados, dando-lhes a esperanças de melhores dias.

Aproveitando a deixa de 18 de outubro, “Dia do Médico”, rendo-lhe este tributo em forma de gratidão do que ele foi para Pombal, para mim, e a minha família, estendendo essas homenagens aos demais médicos de nossa cidade.

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