4 de dezembro de 2011

Piancó: quem vai cuidar do nosso rio?

Clemildo Brunet

Falo do rio que passa em nossa cidade que tem o seu nascedouro em Conceição do Piancó e por isso mesmo é denominado Rio Piancó. Suas águas são perenes dia e noite durante anos e mais anos percorrendo essa vasta região sertaneja, localiza-se a margem direita de nossa urbe. Quantas vezes nos esquecemos desse rio; fonte que enriquece nosso torrão natal carregando em seu leito o precioso líquido que necessitamos para sobreviver.

Minha infância e grande parte da minha adolescência foram vividas na casa de meus pais que moravam a Rua Cel. José Fernandes número 441, (hoje prédio da Malharia Simples), logradouro público conhecido por rua do rio, justamente por margear a passagem das águas cristalinas no leito do rio que só transbordava saindo de seu limite, em épocas invernosas quando o açude Coremas/Mãe d’água sangra; aí sim, essas águas agora turvas adentravam e adentram ao muro das casas dos moradores ribeirinhos.

Que tempo bom! Uma época que não se ouvia nem falar na palavra poluição, aliás, ninguém sabia nem o que era isso. Não havia saneamento básico para o precioso líquido chegar as nossas torneiras, à água era transportada em ancoretas nos lombos dos jegues pelos aguadeiros de plantão. Éramos abençoados, pois apesar do modo precário como a água chegava às residências, se tinha como caso raro o registro de alguma doença por causa do precioso líquido.

Como se não bastasse, a perenidade do rio Piancó proporcionava as mulheres de famílias humildes se dedicarem ao ofício de lavar roupa. Era ganho pão que elas tinham para o seu sustento e de seus filhos. A despeito da espuma produzida pelo sabão na esfrega da roupa para deixa-la toda limpinha, bolhas se formavam na superfície do líquido inodoro e logo desapareciam na correnteza da água.


Hoje muita coisa mudou com a evolução do tempo. No entanto, nosso rio, não tem recebido atenção especial que merece quanto aos cuidados ecológicos relativos a tudo que o cerca e que deve ser preservado para o nosso bem. Infelizmente nosso rio está poluído!

Quem conheceu anteriormente a região que fica por trás do antigo Grande Hotel - (hoje Shopping de produtos importados), vai notar a diferença que existe naquela área para o que era acerca de trinta a quarenta anos atrás. Dejetos e outros elementos poluentes tem desgraçado o local a ponto de transeuntes não passarem mais ali e nem tão pouco ter a serventia de balneário público, como era em tempos passados.


Sete esgotos distribuídos em diversos pontos da cidade têm transferidos para o rio milhares de metros cúbicos de resíduos. A população e seguimentos da sociedade têm feito manifestações quase que anualmente no sentido de que todos encampem essa luta buscando solução para o problema que se arrasta há anos sem fio.

Mudança sucessiva no perfil do rio tem ocorrido também em face da ação predatória do homem ao exercer suas atividades agrícolas, ações essas diretamente ligadas à criação de gado e também no uso indiscriminado de defensivos agrícolas, este último com menos intensidade. É preciso também notar as mudanças que ocorrem no curso do rio inerentes da própria natureza, quando das enchentes em tempos de invernos caudalosos provocando erosões.

Espera-se que num futuro que não está tão longe, o nosso rio Piancó tenha finalmente as suas águas despoluídas, pois uma obra gigantesca no valor de dezoito milhões está sendo executada na cidade, agregando um número considerável de pombalenses na execução dos serviços do esgotamento sanitário, contratados pela firma executora. Tudo isso, graças ao empenho e a desenvoltura administrativa da Prefeita Yasnaia Pollyanna (PT), que entregou em mãos ao Presidente Lula, o Projeto do Esgotamento Sanitário da cidade de Pombal e prontamente foi atendida.

Com o término da obra, o rio Piancó na área que abrange Pombal, terá eliminado para sempre os dejetos e outros elementos poluentes, fazendo com que o nosso principal manancial seja reservado tão somente às águas pluviais.

Certa vez, feliz e divinamente inspirado o engenheiro civil e escritor pombalense, Paulo Abrantes de Oliveira, fez essa belíssima narração sobre Rio Piancó:

“Difícil eleger o lugar do rio que é mais bonito. De norte a sul de Pombal, insinua-se uma margem cativante, cheia de atrações a ser descoberta - a cor prateada do rio, a delicadeza das suas correntezas, um cenário de lindas ingazeiras que se debruçam querendo beijar suas águas, a vegetação típica surgindo entre as pedras entremeando-as de mandacarus... Tão repousante é essa visão que mesmo aqueles que dispensam um bom mergulho ou querem distância das pedras, se rendem ao chamado do rio. Por todas essas razões, ter sonhos tomando banhos no rio de Pombal, é coisa de muitos filhos da terra. Sonhos que podem assumir vários contornos, o de construir uma casa rústica á beira-do-rio e, quem sabe planejar seu futuro refúgio na terra em que nasceu”.

Clemildo Brunet é radilaista, blogueiro e colunita.
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