É cheia de curiosidade.
Vou contar o que “assucedeu”
Numa eleição em minha cidade.
Conto o milagre santo
Sem denunciar a autoridade.
Zé Redeiro, por vaidade,
Candidatou-se à prefeito –
Chico de Doca era o vice –
Planejavam comprar o pleito.
Nem pra falar em comício
Prepararam-se direito.
Um dia, Zé tava sem jeito,
Sem saber do que falar.
Lembrou-se de sua infância,
“Sonhim” era o nome do lugar
Onde nascera sua mãe,
Que “Nos Pereiros” foi morar.
No céu explode o pipocar,
Dos fogos de artifício.
Em riba de uma “Três Quarto”
Zé Redeiro cumpria o ofício
De contar pra multidão,
Sua infância, triste e difícil.
A turba que estava indócil
Logo ficou silente.
Zé abria o cofre das emoções
Atraía atenção de toda gente.
Num tom sério e pausado,
Dizia, tão sofregamente:
– Sou um pobre sobrevivente
Que vivo de vender rede.
Vendo o pano do fundo,
Toda cor: azul, branco, verde...
Zé de Doca, que é meu vice,
Faz o punho e monta a rede.
Mas, já passei fome e sede,
Hoje mesmo, que não almocei,
Num nego, tô aqui só com um ovo.
Pior sofrimento já passei,
No “Sonhim” de minha mãe.
Num sei como não me lasquei,
Do tanto que trabalhei,
“Nos Pereiro” de meu pai.
Hoje, tenho umas “melhora”,
Mas, da lembrança não me sai,
Que nos meus dias de menino,
Vivia choramingando “ais”.
Há quem nem acreditar vai,
Mas, vou contar como eu dormia.
Numa cama de pau duro,
No espinhaço chega ardia
As varas de marmeleiro.
Meu Deus como nós sofria.
Um assessor ao seu ouvido assobia
“Use o plural, empregue o plural”
Zé ouviu e logo arrematou:
Digo a família do Plural
Que ganhando esta eleição
Ninguém da casa passa mal.
Vou arranjar emprego pro Plural,
Pro Cosme, Antonio e Raimundo.
E pra não haver sofrimento,
Ter o melhor sono do mundo,
Vamos distribuir rede,
Doca dá o punho e eu dou o fundo.
Vou contar o que “assucedeu”
Numa eleição em minha cidade.
Conto o milagre santo
Sem denunciar a autoridade.
Zé Redeiro, por vaidade,
Candidatou-se à prefeito –
Chico de Doca era o vice –
Planejavam comprar o pleito.
Nem pra falar em comício
Prepararam-se direito.
Um dia, Zé tava sem jeito,
Sem saber do que falar.
Lembrou-se de sua infância,
“Sonhim” era o nome do lugar
Onde nascera sua mãe,
Que “Nos Pereiros” foi morar.
No céu explode o pipocar,
Dos fogos de artifício.
Em riba de uma “Três Quarto”
Zé Redeiro cumpria o ofício
De contar pra multidão,
Sua infância, triste e difícil.
A turba que estava indócil
Logo ficou silente.
Zé abria o cofre das emoções
Atraía atenção de toda gente.
Num tom sério e pausado,
Dizia, tão sofregamente:
– Sou um pobre sobrevivente
Que vivo de vender rede.
Vendo o pano do fundo,
Toda cor: azul, branco, verde...
Zé de Doca, que é meu vice,
Faz o punho e monta a rede.
Mas, já passei fome e sede,
Hoje mesmo, que não almocei,
Num nego, tô aqui só com um ovo.
Pior sofrimento já passei,
No “Sonhim” de minha mãe.
Num sei como não me lasquei,
Do tanto que trabalhei,
“Nos Pereiro” de meu pai.
Hoje, tenho umas “melhora”,
Mas, da lembrança não me sai,
Que nos meus dias de menino,
Vivia choramingando “ais”.
Há quem nem acreditar vai,
Mas, vou contar como eu dormia.
Numa cama de pau duro,
No espinhaço chega ardia
As varas de marmeleiro.
Meu Deus como nós sofria.
Um assessor ao seu ouvido assobia
“Use o plural, empregue o plural”
Zé ouviu e logo arrematou:
Digo a família do Plural
Que ganhando esta eleição
Ninguém da casa passa mal.
Vou arranjar emprego pro Plural,
Pro Cosme, Antonio e Raimundo.
E pra não haver sofrimento,
Ter o melhor sono do mundo,
Vamos distribuir rede,
Doca dá o punho e eu dou o fundo.
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