Clemildo Brunet
No domingo dia (11) do corrente mês, será celebrada às 09:00 horas da manhã na Igreja Matriz do Bom Sucesso da cidade de Pombal-PB, a Missa - em intenção da memória do historiador pombalense Wilson Nóbrega Seixas ocasião em que está completando 10 anos de seu falecimento ocorrido em 11 de março de 2002 na capital do Estado - João Pessoa; tendo sido sepultado na cidade de Pombal sua terra natal.
A coluna lembra aos leitores quem foi e o que fez Wilson Seixas, para resgatar a história do Município de Pombal aqui na Paraíba.
A nossa cidade vai viver agora no mês de Julho, sua festa de Aniversário completando 150 anos de elevação a categoria de cidade. Digo isso porque, por muitos anos a data de 21 de julho era citada como se fosse de emancipação política do Município. Até mesmo, a quem estamos homenageando hoje nessa coluna, também pensava assim, e escreveu o livro “O Velho Arraial de Piranhas” lançado por ocasião do Centenário de Pombal em 1962, como data de emancipação política do Município, ledo engano, pois ele havia tomado por base depoimentos de outros historiadores.
Wilson Nóbrega Seixas resolveu pesquisar a nossa história e foi em busca de prova documental chegando ao ponto de desmistificar “estórias tidas como oficiais” mas, que eram sofismas amparados pela Igreja Católica, como é o caso do Padre Manuel Otaviano, que por ser Sacerdote, deu uma conotação sem provas e sem documentos a religião que professava, referindo-se aos acontecimentos que antecederam a fundação da cidade de Pombal. O historiador Celso Mariz também bebeu dessa fonte.
Wilson Seixas, apesar de ter aceitado essa primeira versão do Padre Manuel Otaviano, não se intimidou e através de correspondência foi até o Ultramarino em Portugal para buscar em documentos oficiais as provas que contariam de maneira correto, a história da luta entre os índios confederados: Panatis, Coremas e Ariús com os conquistadores.
Posteriormente, o desbravador da nossa história, em artigo publicado a respeito de suas novas pesquisas, chegou a admitir com muita propriedade, ter errado, quando das informações no seu livro “O Velho Arraial de Piranhas” em 1962, pela gráfica A Imprensa. Em outra ocasião admitiu o equívoco em um periódico do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba (IHGP), lançada nos quinhentos anos do descobrimento do Brasil, onde voltou a tratar do assunto.
Mesmo com a saúde abalada, o desbravador da nossa história, grande estudioso, ficou cada vez mais frágil quando pegando em documentos de arquivos de cartórios e câmaras adquiriu fungos e o trabalho tornou-se árduo e cansativo e já não atendia a necessidade de seus anseios.
Era da vontade de Wilson Seixas, reeditar “O Velho Arraial de Piranhas” e conseguiu resgatar esse inicio da história de Pombal, contando com seus amigos também escritores e historiadores: Verneck Abrantes, Evandro Nóbrega e Jerdivan Nóbrega de Araújo. E o livro foi reeditado, numa edição revisada e atualizada como era do gosto de Wilson Seixas, porém não contou com a presença do seu autor no lançamento, pois já havia partido para eternidade. Faleceu na capital do Estado em 11 de março de 2002. Se vivo estivesse, iria completar 96 anos no próximo dia 15 de julho.
Wilson da Nóbrega Seixas, o desbravador da nossa história, teve como o seu primeiro professor o seu pai Newton Seixas, autor da letra do Hino de Pombal. Demonstrando ambos amores a nossa terra e a nossa gente, desbravando a cultura para o nosso povo.
Wilson da Nóbrega Seixas com as pesquisas realizadas que o debilitou, conseguiu deixar este legado para a História de Pombal, fazendo com que a Câmara Municipal de nossa cidade mudasse o perfil da Lei Orgânica do Município, restabelecendo as datas mais importantes, do município mais antigo do sertão Paraibano.
Hoje a população de Pombal é ciente de que, agora em julho, dia 21, não se trata da data de emancipação Política, e sim a data em que a vila de Pombal foi elevada a Categoria de Cidade. Muitos políticos alheios a essa história, ainda repete em seus discursos hoje, ser essa data emancipação política.
São essas as três datas importantes que marcam a história de Pomba: 04 de maio de 1772 Ocorre a elevação do Arraial a categoria de Vila, com a denominação de Vila de Pombal, na mesma data, também ocorre sua emancipação política. 27 de Julho de 1698 - No sertão das Piranhas, lugar conhecido como Povoação do Piancó, Teodósio de Oliveira Lêdo fundou o Arraial de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Piancó (Pombal). E 21 de Julho de 1862 A Vila de Pombal é elevada a categoria de cidade. Portanto, este ano, Pombal Comemora: 314 Anos de Fundação; 240 anos de vila e emancipação política e 150 anos de sua elevação a categoria de cidade.
Certa feita, Wilson Seixas declarou: “Posso assegurar ter encontrado aqui em Pombal, uma fonte histórica que nos oferece campo vasto para as narrativas mais antigas da nossa colonização Sertaneja”.
No artigo, Edição definitiva para Seixas da revista UNIPÊ 2005 de João Pessoa, em um dos trechos diz o seguinte: “O livro que, em face da esmerada pesquisa documental, em fontes principais, permite exata visualização da ocupação do sertão paraibano e parte do nordestino, veio à luz enriquecido por vários textos de interpretação”; numa referencia ao Velho Arraial de Piranhas que teve a sua edição ampliada e revisada, cujo lançamento em Pombal foi feito em 09 de setembro de 2004, devido ao zelo e cuidado da viúva e colaboradora do autor, Sra. Zélia Carneiro Arnaud Seixas.
É difícil dimensionar o valor do desbravador da nossa história, pois em sua obra de historiador e escritor deixou os seguintes títulos: O Municipalismo e Seus Problemas, os Pordeus no Rio do Peixe, Viagem Através da Província da Paraíba, o Velho Arraial de Piranhas (Pombal) e Odontologia na Paraíba. Este último define bem a sua especialidade na vida secular, pois era cirurgião dentista formado pela Faculdade de Odontologia do Recife.
O historiador paraibano, Professor José Otávio de Arruda Melo, falando sobre Wilson Seixas disse assim: “Pombal possui uma estrela de primeira grandeza nos céus da literatura brasileira” Não somente os historiadores paraibanos, mas também os mais destacados a nível nacional, mencionaram as obras literárias de Wilson Seixas como fonte autêntica. É isso que lhe dá ares de imortalidade e ser chamado o desbravador da nossa história.
Clemildo Brunet é radialista, blogueiro e colunista
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